ENTRE A LUZ E A SOMBRA

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   TRÊS DESTINOS QUE SE CRUZAM NO MAIOR PRESÍDIO DA AMÉRICA LATINA

UMA CÂMERA QUE ACOMPANHA ESTA HISTÓRIA POR SETE ANOS

   UM BRASIL QUE SE REVELA ENTRE O ENCANTO E O DESENCANTO HUMANO




Direção e Câmera

Luciana Burlamaqui





ENTRE A LUZ E A SOMBRA (150 min)






SINOPSE (resumida): O documentário investiga a violência e a natureza humana a partir da história de uma atriz que dedica sua vida para humanizar o sistema carcerário, da dupla de rap 509-E formada por Dexter e Afro-X dentro do Carandiru e de um juiz que acredita em um meio de ressocialização mais digno para os encarcerados. Durante sete anos, a partir do ano 2000,  o documentário acompanha a vida destes personagens.



Veja o trailer do filme:





PERSONAGENS



Sophia é uma atriz de classe média alta que abandonou uma promissora carreira para lutar pelo sonho de humanizar o sistema carcerário. Aos 18 anos começou a ensinar teatro a presos do Carandiru e permaneceu como voluntária por mais de 20 anos no sistema carcerário. O projeto que começou como “Teatro nos Presídios” cresceu e transformou-se em “Talentos Aprisionados” voltado para a descoberta de novos talentos no presídio em diferentes atividades artísticas como: literatura, artes plástica, música etc.



Marcos e Christian cresceram no mesmo bairro da periferia pobre de São Bernardo do Campo na  grande São Paulo. Entraram na vida do crime, passaram por diferentes prisões e foram se reencontrar no maior presídio da América Latina, o Carandiru. Marcos, 27 anos, condenado a 17 anos de prisão por um homicídio e sete assaltos a mão armada. Christian, 27 anos, condenado a 14 anos de prisão por dois assaltos à mão armada e um estelionato. Dividindo a mesma cela, os dois formaram o grupo de rap 509-E, número da cela deles.  Marcos transformou-se em Dexter e Christian em Afro-X. Suas músicas falam sobre o mundo do crime, o desejo de abandoná-lo, a busca pela paz e pela valorização do jovem negro e pobre brasileiro.



O ENCONTRO



No ano de 1999, Sophia desenvolvia seu projeto “Talentos Aprisionados” no Carandiru e descobriu o grupo de rap 509-E. Impressionada com as letras e o talento musical do grupo, conseguiu uma gravadora que lançou o CD “Provérbios 13”. Para promover o CD, a atriz conseguiu uma autorização judicial inédita para que divulgassem o trabalho fora do Carandiru, desde que voltassem todos os dias para a prisão.



 “Entre a Luz e a Sombratem seu ponto de partida no momento em que o destino destas três pessoas cruza no presídio. O grupo começa a sair quase que diariamente do Carandiru e faz sucesso em toda a periferia de São Paulo. A partir do ano 2000, o documentário acompanha dia após dia as saídas e o trabalho desenvolvido pela atriz. Ela se torna empresária deles e sua vida passa a girar em torno da agitada rotina do grupo dentro e fora da prisão.



Mostramos o percurso de Sophia para humanizar o sistema carcerário, usando como um dos exemplos a história do 509-E. A música do grupo torna-se conhecida e recebe vários prêmios. Dexter e Afro-X tornam-se a ídolos da juventude pobre de São Paulo.



O projeto inicial de um mês de gravação se estende por mais sete meses consecutivos acompanhando diariamente os passos destes personagens envolvidos,  com atualizações pontuais num período de 7 anos. Acompanhamos as saídas do 509-E para shows, tardes de autógrafo, entrevistas em TVS, encontros com adolescentes da FEBEM, eventos beneficentes, além do reencontro com suas famílias e com a realidade do lado de fora do Carandiru.



A temática da prisão, do crime, da violência, da reintegração social extrapola para o encontro de classes sociais distintas e as mais difusas contradições do ser humano na busca de seus ideais.



FORMATO



Com uma câmera digital na mão e uma equipe de uma única pessoa, Entre a Luz e a Sombra”  acompanha, dia após dia, as saídas do grupo 509-E e o trabalho social e artístico desenvolvido no Carandiru pela atriz Sophia Bisilliat. A câmera torna-se testemunha dos acontecimentos, observadora, ficando em alguns momentos esquecida e quase invisível aos personagens. As interferências acontecem, em alguns momentos, através de questões lançadas pela autora.



A combinação da equipe pequena e uma câmera digital discreta e dinâmica proporcionou ao filme uma linguagem mais informal, construiu uma relação mais intimista com seus personagens, captando a personalidade deles em seus simples cotidianos.



A idéia foi realizar uma documentação mais empírica, intuitiva, onde grande parte dos registros foi realizada sem previsão, sem predeterminação do que poderia acontecer no dia-a-dia dos rappers e da atriz, cobrindo os mais diversos acontecimentos, como os encontros com a gravadora, com a mídia, família, amigos, representantes do sistema prisional e da justiça e a descoberta da fama. A história foi contada a partir dos próprios personagens e dos fatos que marcaram seus destinos dentro e fora da prisão.



FICHA TÉCNICA:



Produção Executiva: Luciana Burlamaqui

Câmera, Áudio, Roteiro, Direção: Luciana Burlamaqui

Produtores Associados: Daniel A. Rubio, Matias Lancetti, Renata Carneiro

Edição: Matias Lancetti, Luciana Burlamaqui, Daniel A. Rubio

Edição de Som: Vox Mundi/Juvenal Dias

Finalização de Imagem: Módulos

Arte: Bijari

Site e Arte (material promocional): Adriana Aranha

Trilha: Marcus Viana

Produção: Zora Mídia

Distribuição: VideoFilmes

Trilha do Trailer: Marcus Viana, DJ Toni



Currículo Diretora (resumido)



Luciana Burlamaqui, 39 anos, documentarista e jornalista formada pela PUC-SP (92), voltada para a cobertura de temáticas sociais. Trabalhou como repórter na mídia impressa no Brasil (Folha de São Paulo, Agência Estado e Revista Quatro Rodas); correspondente do Jornal do Brasil e da Agência Estado em Nova York; foi repórter especial na investigação do livro “Rota 66 A História da Polícia que Mata” do jornalista Caco Barcellos, repórter de programas exibidos na TV Record, SBT CNT, TV Cultura, TV Senac, Canal 21 e TV PUC-SP; câmera e editora nos Estados Unidos da Downtown Community Television Center (DCTV); produtora associada e coordenadora de produção da PBS/Channel 13; produtora e co-diretora de documentários produzidos pela produtora inglesa Television Trust for The Enviroment e pela produtora francesa Article Z, exibidos na BBC World  e na TV ARTE (França). Sócia-proprietária da produtora Zora Mídia criada em 2003 voltada para produção de documentários e longas-metragens focados em temáticas humanistas. Entre a Luz e a Sombra é seu primeiro longa-metragem.



Currículo (detalhado)



Luciana Burlamaqui, 39 anos, documentarista, jornalista formada pela PUC-SP (92), voltada para a cobertura de direitos humanos, cidadania e educação. Trabalhou como repórter na mídia impressa e em emissoras de televisão no Brasil e nos Estados Unidos. No Brasil, começou na Rede OM de Televisão, atual CNT, onde realizou matérias para o dia-a-dia e dirigiu documentário sobre o extermínio de crianças e adolescentes viciados em crack em São Mateus (zona leste de SP) pela Polícia Militar de São Paulo. Trabalhou também como repórter para o SBT (Goulart de Andrade) e TV Record (Programa Saúde).  Produziu e dirigiu documentário sobre a mente de psicotapas  brasileiros, trabalho exibido no SBT (Goulart de Andrade)  o programa teve 12 pontos de audiência na época (1993), SBT (Programa Livre/Serginho Groismann), TV Jovem Pan, Festival Vídeo Brasil, TV Globo (Altas Horas).  Foi repórter especial na investigação do livro "Rota 66 A História da Polícia que Mata" do jornalista Caco Barcellos.



Nos Estados Unidos, em 1993, (Nova York) foi correspondente do Jornal do Brasil e da Agência Estado. Trabalhou dois anos na TV Comunitária de Nova Iorque; Downtown Community Television Center (DCTV) onde se especializou como vídeo-documentarista e editora, e um ano na TV Pública de Nova Iorque (PBS -Channe13/WNET ) como coordenadora de produção e produtora associada do Educational Video Services - departamento do Channel 13 que faz programas educativos com exibição nacional e distribuição em escolas espalhadas pelos EUA.



De volta ao Brasil, em 1997, criou e dirigiu 12 programas da TV PUC; "Universidade Aberta", revista eletrônica semanal de 40 minutos voltada para a área educacional exibida na NET. Trabalhou também como repórter na TV Senac e TV Cultura, onde nesta última produziu e dirigiu uma série de matérias para a semana do Cinqüentenário da Declaração Universal dos Direitos do Homem (98).  Realizou como videojornalista para o Canal 21 vídeo reportagens especiais para o dia internacional da mulher e sobre o movimento “Basta Eu Quero Paz.



Co-dirige documentário sobre o suicídio de índios Guarani no Mato Grosso do Sul com o emmy award jornalista norte-americano Jon Alpert numa co-produção da DCTV(NYC) e do Sundance Channel (Califórnia).  Ainda com o mesmo jornalista e um  pool de TVs européias produziu e co-dirigiu o documentário “How Geraldo Lost His Job” sobre os efeitos da globalização na economia brasileira,  exibido na TV francesa ARTE (99) e na BBC World (00). Produziu para a Televison Trust for the Environment (TVE) de Londres, o documentário “The Posse” sobre a distribuição de renda no Brasil a partir do olhar de jovens do movimento hip hop de São Paulo, veiculado no ano

2000 e 2001 na série “Life”, na BBC World ; o documentário de abertura da série  “City Life”  sobre os desafios da administração da prefeita Marta Suplicy  e os desafios das grandes metrópoles

no mundo;  o documentário “Brazil: Winning Against Aids” sobre o tratamento de AIDS no Brasil, todos exibidos  na BBC World (2001/2002). A série “City Life” foi premiada em Fukuoka no Japão com o prêmio "The Habitat Scroll of Honour" por promover debate informal, soluções práticas e novas políticas para os desafios do desenvolvimento urbano.



No ano de 2002 produziu e co-dirigiu o documentário  ”Geraldo À Qui Profitte Le Profit” com a produtora francesa Article Z(Patrice Barrat) e os jornalistas norte-americano Jon Alpert e francês Fabien Piasecki para o Canal francês ARTE,  documentário continuação de “How Geraldo Lost his Job”.



Durante 2 anos coordenou a TV Aprendiz, programa da ONG Cidade Escola Aprendiz, fundada pelo jornalista Gilberto Dimenstein,  onde  foram desenvolvidas matérias e pautas com a participação de estudantes de ensino médio e universitário  em parceria com o Canal Futura, Rede TV! e TV USP.



Em 2003 dirigiu o making of sobre o longa-metragem Filhas do Vento, ( o filme foi premiado em Gramado com 8 kikitos), sobre a história de 4 mulheres negras, no interior de Minas Gerais. O making of foi exibido no Canal Brasil em setembro 2005. Ainda pela Television Trust for the Environment de Londres, produziu o programa "For Richer For Poorer" para BBC World sobre as desigualdades sociais no Brasil e o desempenho do governo Lula para cumprir as Metas do Milênio - exibição BBC World (setembro 2005). Em 2007 produziu o documentário Rota de Colisão também  para a TVE de Londres sobre a prevenção a acidentes de carros com exibição na BBC News. Em 2008 produziu o segmento brasileiro do programa “ Slums and Money” sobre as políticas públicas de inclusão social em paises em desenvolvimento com exibição na BBC World.



Criou a produtora Zora Mídia em 2003 para a produção e co-produção de documentários e longas de ficção focados em temáticas humanistas.



PRODUTORA ZORA MÍDIA: Criada em 2003 focada em produções de longas-metragens e documentários com temáticas humanistas.



CO-PRODUÇÃO:

“Tobias 700” A História de uma Ocupação” 60 min – 2004 (sobre o movimento dos sem-teto em São Paulo) (Direção de Daniel A. Rubio)

     

Ø       Mostra Competitiva do Festival de Cinemas e Culturas da América Latina de

Biarritz - França – Outubro/2004

Ø       26º Festival Internacional del Nuevo Cine Latino Americano Seção Informativa

       Documental – Havana – Cuba – Dez/2004 

Ø       12ª edição do Festival Latino-Americano de  Cinema e Vídeo – CINESUL – Rio de Janeiro – Junho  2005 (prêmio melhor documentário pelo júri)

Ø       Mostra Outros Brasis – Ano do Brasil na França - Paris – Julho/2005.

Ø       14º Certamen Festival Latinoamericano de Cine y Video de Santa Fé –Argentina (Prêmio Edgardo Cacho Pallero)

Ø       Black Movie Film Festival – Suíça – Fevereiro /2006

Ø        IV Encuentro Hispanoamericano de Video Documental Independiente Contra el Silencio Todas las Voces México – Março/2006



FESTIVAIS E MOSTRAS:








No ano passado Entre a Luz e a Sombra representou o Brasil na mostra competitiva do 17º Festival de Cinemas e Culturas da América Latina de Biarritz e ganhou o Prêmio do Público de Melhor Documentário do Festival além de uma Menção Especial do Júri. Ele foi um dos 14 filmes selecionados entre os 170 inscritos.

 

Até o momento, o documentário foi exibido seis vezes na França. Sua estréia mundial foi no IDFA - Festival Internacional de Documentários de Amsterdã ( o maior evento do gênero do mundo), abriu a mostra de cinema brasileiro “Vidas e Memórias do Brasil” na África em Moçambique no 3º Festival do Filme Dockanema (set 08), participou duas vezes do Festival É Tudo Verdade, uma em 2008 na mostra O Estado das Coisas e a segunda este ano na Première Cinemark com exibição em São Paulo no Shopping Eldorado.



Foi um dos quatro filmes brasileiros selecionados da Mostra "Social em Movimentos  - França em Foco" em comemoração ao Ano da França no Brasil organizada pela ONG Autres Brésils com exibição de abril a setembro deste ano em São Paulo, Rio, Brasília e Salvador. O filme também foi convidado para uma exibição fechada na Associação dos Cineastas Franceses (ADDOC) em

Paris, em maio deste ano. Ainda na França, em maio, encerrou a 5ª Feira do Livro da América Latina em Paris.



No mês de outubro foi indicado para concorrer ao Prêmio “Salvador Allende” em Bruxelas no 6º  Festival Itinéraires, Images et Réalités de l’Amérique Latine focado em documentários que abordam a promoção da justiça, da igualdade, da defesa dos direitos humanos e da não discriminação em todas suas manifestações na América Latina. Entre a Luz e a Sombra representou o Brasil entre os oitos filmes selecionados dos 60 inscritos de toda a América Latina.



RESUMO TRAJETÓRIA DO FILME EM MOSTRAS E FESTIVAIS:



         17º Festival de Cinemas e Culturas da América Latina de Biarritz  (França) Outubro 2008

                « Prêmio do Público de Melhor Documentário e Menção Especial do Júri »

                                            

Ø       Festival Internacional de Documentários de Amsterdã IDFA (Mostra Jan Vrijman )  (Holanda) Novembro 2007 (estréia mundial)

Ø       Filme de Abertura da Mostra Vidas e Memórias do Brasil do 3º Festival do Filme Documentário Dockanema  - (Moçambique/África)  Setembro 2008

Ø       13º e 14º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade – Brasil (Mostra “O Estado das Coisas)  Março 2008 -  Première Cinemark (Abril 2009)

Ø       11º Festival do Cinema Brasileiro de PARIS (Maio 2009)

Ø     5ª Feira do Livro da América Latina (Encerramento) (Paris - Maio 2009)

Ø     Mostra Social em Movimentos – Ano da França no Brasil (São Paulo, Brasília, Salvador, Rio) (abril a setembro de 2009)

Ø     Mostra Brasil em Movimento – Paris -  junho 2009

Ø     4º Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul (16 capitais brasileiras -  out/nov 2009)

Ø   Festival Itinéraires, Images et Réalités de l’Amérique Latine (Mostra Competitiva do « Prêmio Salvador Allende ») ( Bélgica: Bruxelas - out/200



ENTREVISTA COM A DIRETORA



COMO SURGIU O FILME?



O documentário surgiu a partir de uma inquietação que sempre tive em querer aprofundar as temáticas sociais das histórias que contava como repórter de TV. Trabalhava em um telejornal diário e procurava contextualizar as matérias que fazia. É difícil conseguir este espaço. Também não existiam programas voltados para documentários mais autorais. Resolvi dar um tempinho do jornalismo e fui trabalhar numa ONG que me encantou, o Projeto Aprendiz, onde fiquei por dois anos ensinando vídeo para jovens do ensino médio e universitário. Um dia, apareceu por lá, o grupo de rap 509-E junto com a atriz Sophia Bisilliat. Eles iam ter encontros com jovens da Febem para trocar experiências sobre o mundo do crime e a possibilidade de abandoná-lo. Surgiu a idéia de alguém documentar esses encontros. Trabalhava meio período. Como tinha uma boa câmera, uma ilha de edição em casa e procurava uma história sobre a violência urbana para documentar de forma independente, ofereci-me para fazer isso. Mas em pouco tempo percebi que a história estava além dos encontros. Acompanhei a vida deles por sete meses consecutivos e depois fiz atualizações pontuais por sete anos.



POR QUE ENTRE A LUZ E A SOMBRA?



Eu tinha uma pergunta dentro de mim voltada para o futuro de quem havia entrado na vida do crime. Que chance essa pessoa teria de mudar sua vida depois que já estava neste caminho? Mais do que essa pergunta sentia também uma inquietação generalizada por viver em um país onde cerca de um terço da população – mais de 50 milhões de pessoas – é pobre, e outros 20 milhões são indigentes. Essa realidade para mim é violenta, uma violência invisível, tão forte como aquela que tira a vida das pessoas. Com essa e outras perguntas comecei a acompanhar os personagens e a documentar as transformações que aconteciam nas vidas deles. O documentário parte de uma investigação sobre as chances de alguém sair da vida do crime e transforma-se num denso mergulho no lado sombrio e luminoso da alma humana. Deixa de ser um filme restrito a temática prisional e joga-se nas diferentes nuances do ser humano.



O PROCESSO DE GRAVAÇÃO E EDIÇÃO DE ENTRE A LUZ E A SOMBRA

por Luciana Burlamaqui



A GRAVAÇÃO



Gravei o filme neste formato “one person crew”. Eu mesma faço a câmera, direção e áudio. Ao todo foram 120 horas de gravação. Na época trabalhava com baterias para a luz e para a câmera muito pesadas. As cenas mais difíceis foram os shows. Carregava cercava de doze quilos de bateria no meu corpo para iluminar os lugares escuros, verdadeiros breus. Vez outra levava nesses shows uma assistente para me ajudar na locomoção desse material. Mas a maioria das vezes estava sozinha mesmo. Sem dúvida, esses foram os momentos mais cansativos do filme. Até porque os shows demoravam muito para começar e acabavam muito tarde, já amanhecendo. Como gosto de gravar tudo quase sem parar, no final das gravações estava destruída. Trabalho com a câmera como se ela fosse uma máquina fotográfica. Só existe ela, eu e o personagem.  Então ele acaba se acostumando com a gente. Acredito que nesse formato cria-se ali um ambiente mais íntimo e com mais chance do registro de momentos espontâneos.



O ESTILO « ONE PERSON CREW »



Fui para Nova York em 1993, logo depois de formada onde morei por quatro anos e trabalhei com o premiado videojornalista Jon Alpert, que desenvolveu nos Estados Unidos, no início da década de 70, a técnica de direção, áudio e câmera realizados por uma única pessoa. O conheci no final de 92 quando ele havia apresentado seu trabalho na PUC de São Paulo numa palestra. Fui trabalhar na TV comunitária dele, a Downtown Community Television Center (DCTV). Virei câmera e editora. Fui para trás das câmeras e apaixonei-me pela possibilidade de contar uma história onde o personagem é que conduz a narrativa. Vi neste formato um jeito de desenvolver um olhar mais informal, chegar mais perto do que ele sente, mostrar sua vida, revirar sua história pelo avesso. Tornei-me documentarista fazendo câmera, direção e áudio sozinha, sem equipe. Dai surgiu essa minha paixão pelo gênero da reportagem mais documental e pelo documentário de observação, estilo cinema-verdade.



A EDIÇÃO



Trabalhei dois anos e meio na edição com o montador Matias Lancetti.  Antes de entrar na ilha escrevi um roteiro de 164 páginas com todos os detalhes da edição. Esse roteiro transformou-se em dez horas de edição do material. O documentarista Daniel Rubio também participou da montagem ao longo de todo o processo. Enviávamos partes editadas para ele, que nos devolvia o material com suas propostas de mudanças já modificadas para nossa avaliação. Nossa primeira redução foi para cinco horas de filme, em seguida chegamos a quatro horas e meia, versão que começamos a compartilhar com profissionais da área até chegarmos à versão de duas horas e meia.



CRÍTICAS



“É um dos grandes docs brasileiros da temporada. Luciana Burlamaqui vai além de quase tudo o que já se fez

em matéria de observação da crise social brasileira. Uma obra-prima do doc contemporâneo brasileiro”  

Carlos Alberto Mattos - Doc Blog - O Globo (2008)





“Sete anos fazendo um filme e a sensação de séculos de violência finalmente compreendidos.”

Jornal da Tarde (2007)





APOIOS e PATROCÍNIO:



Jan Vrijman Fund (Holanda)



Ministério da Cultura



Petrobras



Ancine (Prêmio Adicional de Renda – VideoFilmes)



CSN



Banco Panamericano



Assessoria de imprensa:
Foco Jornalístico – www.focojornalistico.com.br
(11) 3023.3940 e 3023.5814
Erika Teixeira – erika@focojornalistico.com.br

Se você quiser divulgar seu trabalho como o pessoal do filme Entre a Luz e a Sombra, mande um e-mail para siteculturablack@gmail.com

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